Seguidores

terça-feira, 25 de novembro de 2008

"A volta do meu amor"



Poeta Cigano.




Em meu seio, no peito solitário, esquecido,
Tal remanso frágil de um rio adormecido,
Como o sol fúlgido da manhã, ela surgiu como encanto,
Renovando a vida deste corpo calmo, dantes manso,
Despertando-me ali do mórbido descanso,
Abatendo a tristeza, descobrindo o vil manto!

Extraindo o doce sorriso, contendo as lágrimas do meu pranto,
Fazendo meus lábios cantarem então o belo canto,
E minha’lma inebriada abarcar esta magia, bela canção!
Com meus olhos já olhando teus olhos, a te abraçar,
E o teu cálido e doce perfume ali a me embriagar,
E todo o meu ser a vivenciar tão bela emoção!

Teu corpo agora colado ao meu corpo ativava a nobre tentação,
Pois eram corpos sedentos e carentes pela longa separação,
Minhas mãos lépidas e afoitas, tua pele macia ficava a acariciar,
Meus lábios insaciáveis e ávidos te beijavam a todo o momento,
Parecia ali brigarem para compensar o dantes vil sofrimento,
Já que reiniciavam pelos beijos a nobre arte de amar!




quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"O Momento".


Poeta Cigano.


Quando cai miúda a gota do orvalho,
Beijando as folhas e ramos de um velho carvalho,
Marca ali seu breve momento!
É um momento único... Um belo presente,
Como um açoite inesperado do vento,
Uma dádiva que surge de repente,
Como um garimpeiro surpreendido pelo ouro do seco cascalho,
É um momento desse tempo!
É o momento!
O momento é como o intrépido raio que sem avisar surge,
Que supera a tudo é um desafio,
É uma lágrima a escorrer numa face,
É um sorriso inocente de criança,
É uma canoa furada no rio,
É no mundo um tempo de esperança,
É na miséria o pão de cada dia,
É numa roseira a flor e seu espinho,
É o momento!
O momento é o presente, é o agora,
É o tempo em que o fato ocorre,
É o belo, o feio que aparece,
É o ancião que adormece,
É um pedaço da vida,
É o passado que não conta, que se esquece,
É o futuro que não existe, se desconhece,
É esse tempo presente onde tudo acontece,
É o momento!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"O Amor".


Poeta Cigano.


O amor é fogo que arde sem ver,
É o belo que fulminante acontece,
É a luz da vida, o viver,
É a felicidade que nunca se esquece!

É a explosão de um coração que enlouquece,
É onde tudo começa a ferver,
São os carinhos de mãos que nos apetece,
É na volúpia o sexo e o prazer!

É nosso corpo em chama que floresce,
Como uma rosa formosa ao nascer,
Que libera todos os seus encantos e nos envaidece!

É algo lindo e de raro esplendor,
Que às vezes machuca e faz doer,
É o sentido da vida...é o amor!

sábado, 29 de março de 2008

"O Olhar".


Poeta Cigano.


Meus olhos vagueiam incertos, dispersos, sem rumo, na procura do nada. Falta-me o olhar. O olhar dos poetas, dos artistas, dos andarilhos e, daqueles que perscrutam o âmago das coisas, da vida, na busca constante da beleza, da virtude que, às vezes são mascaradas pela pele externa que tapeia a alma.
Quero esse olhar sem dono, vadio, ávido, da verdade que, profundo, descortine a escuridão e liberte o observador ignorante, teimoso que, habita em cada um de nós.
Quero olhar o rio e, sorver seu cântico no embalo de suas águas no bailar de seus movimentos.
Galgar a montanha, correr pelas campinas, reverenciar os bosques e, poder ouvir a vida fluir feliz no pulsar de seus corações.
Aconchegar-me na relva úmida e, deleitar-me com o trinar alegre dos pássaros sob o assobio melodioso dos ventos.
Olhar o homem comum vagando pelas ruas sem me importar com sua imagem, seu externo, mas a partir de seus mais simples gestos captar suas emoções e, sua riqueza d’alma.
Quero, acima de tudo, sentir o toque sutil frio da brisa, sorrir para o raio da tempestade, abraçar a noite escura e amar a natureza.
Ter a sensibilidade dos privilegiados para adentrar suas entranhas e, extrair a beleza dos sentimentos.
Assumir esse olhar curioso, malandro, herói, dos deuses, afinal, também faço parte desse todo belo e infinito.
Enfim, quero o olhar dos olhares para poder ver e sentir esse mundo. Esse mundo invisível, misterioso, fantástico, que teima em esconder-se.
Quero só meu olhar. Apenas meu olhar.